quinta-feira, 31 de julho de 2008

Santa Teresa da Cruz (Edith Stein)


Foi uma religiosa alemã, a última de onze irmãos de uma família judia que professava o Judaísmo. Seus pais judeus foram Siegfried e Augusta Courant Stein. Faleceu, aos 51 anos, asfixiada, numa câmara de gás, a 9 de Agosto de 1942, no campo de concentração de Auschwitz, na Polónia. Foi professora de Filosofia, sendo discípula de Edmund Husserl (Fenomenologia) e secretária particular desse filósofo.O pensamento desta autora traz de novo à discussão, em pleno século XX, a tradição mística cristã de Santa Teresa e de São João da Cruz, no contexto da Alemanha nazista, da queda da República de Weimar, e na iminência da Segunda Guerra Mundial. Última filha de uma numerosa família judia de Breslau, após seus estudos de colégio buscou ingressar na universidade de sua cidade para estudar psicologia mas, fascinada pelos estudos de Edmund Husserl, decide transferir-se para a universidade de Gottinger, onde ele lecionava. Ali também estuda com Max Scheler. Em 1915 presta serviço na Cruz Vermelha e em 1916 se licencia, com distinção, com uma tese sobre O problema da empatia [Einfühlung]. Segue estudando o pensamento de São Tomás e outros autores cristãos, que a afastam das idéias de Husserl, com quem trabalhava então, a convite dele. Em 1918 decide retirar-se da universidade, e aproximar-se mais do catolicismo, ao qual acaba se convertendo em 1922, de pois de ler a Vida de Teresa de Jesus.. Parece que a decisão de Edith leva Husserl e outros professores veteranos a serem reticentes quanto à habilitação para mulheres lecionarem na universidade. Ela protesta contra esta discriminação encoberta e faz um pedido de esclarecimento, ao qual o ministério responde em favor da universidade. Convertida ao catolicismo, começa a lecionar no liceu das dominicanas e, em 1925 dedica-se a uma intensa atividade científica e pedagógica, traduzindo obras de Tomás de Aquino e Newman e publicando Sobre o Estado (1925) e A fenomenologia de Husserl e a filosofia de Tomás de Aquino (1929). Interessou-se pela questão feminina no campo filosófico e religioso, publicando Ethos das profissões das mulheres (1932). Stein sustentava que o movimento feminista alemão havia conseguido todos seus objetivos na Constituição da república de Weimar. A nova realidade social das mulheres requeria agora a defesa dos resultados conquistados e a transmissão às novas gerações da memória histórica das lutas feministas, uma vez que a renovação deveria implicar, antes de tudo, as mulheres cristãs. Stein afirmava em vários textos que o Antigo Testamento e o Direito Romano haviam perpetuado na igreja uma visão errada da mulher que era insustentável . Para Stein, a mulher tem uma realidade ontológica igual e distinta do homem; uma realidade ontológica que deve explorar e conhecer por si mesma enquanto que a mulher vista pela mulher não é a mesma mulher vista pelo homem. Parece que Stein pretende propor a consciência fenomenológica como uma consciência cristã e feminina, como base de um novo modo de fazer pedagogia, filosofia, ação civil e ação religiosa. Seus últimos estudos reúnem todos os temas propostos em seu pensamento, no material inédito intitulado Scientia Crucis, dedicado a São João da Cruz. A partir de 1938, Edith começa a ser perseguida pelas autoridades por causa de suas origens judias e, em 1942, ela e sua irmã são enviadas para o campo de concentração de Auschwitz, onde morre, no mesmo ano, numa câmara de gás. Foi beatificada em 1987. OBS.: No Brasil, pode-se encontrar uma biografia intelectual de Edith Stein feita por Christian Feldmann publicada pela EDUSC, 2001: Edith Stein. Judia, Atéia e Monja.

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