quinta-feira, 31 de julho de 2008

Olímpia de Gouges

Nascida em Montauban como Maria Gouze, era filha bastarda de um homem muito influente em seu local de nascimento e de Anne- Olimpe Muisset, então casada com um açougueiro da vila. Alguns de seu biógrafos afirmam que não sabia ler nem escrever, situação comum na época para muitas mulheres, especialmente as mais pobres, mas não deixa de ser surpreendente para uma mulher que irá escrever mais de quatro mil páginas de escritos revolucionários ao longo de sua vida, entre peças de teatro, panfletos, libelos, novelas autobiográficas, textos satíricos, utópicos, filosóficos...
Casou-se jovem em 1765 com Luis Aubry de quem teve um filho, Pierre. Enviuvou logo depois e, em 1770, transferiu-se para Paris onde adotou o pseudônimo de Olympe des Gouges. Pelas pinturas remanescentes, era uma mulher de notável beleza. Em torno de 1784 começou a escrever ensaios, manifestos e iniciou ações de cunho social.
Como apaixonada advogada dos direitos humanos, Olympe de Gouges abraçou com destemor e alegria a deflagração da Revolução. Mas logo se desencantou com a constatação de que a fraternité da Revolução não incluía as mulheres no que se refere à igualdade de direitos.
Em 1791 ela ingressou no Cercle Social— uma associação cujo objetivo principal era a luta pela igualdade dos direitos políticos e legais para as mulheres. Reunia-se na casa da conhecida defensora dos direitos das mulheres Sophie de Condorcet. Foi aí que Olympe expressou pela primeira vez sua famosa assertiva: "a mulher tem o direito de montar o seu palanque".
No mesmo ano, em resposta à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, ela escreveu a Declaração dos direitos da Mulher e da Cidadã. Logo depois, escreveu o Contrato Social, nome inspirado na famosa obra de Jean-Jacques Rousseau, propondo o casamento com relações de igualdade entre os parceiros.
Por se envolver ativamente nas questões que lhes pareciam injustas, como a condenação à morte de Luis XVI, por ser contra a pena de morte, e desapontada em suas expectativas, passou a escrever com mais e mais veemência. Em 2 de junho de 1793, os Jacobinos prenderam os Girondinos e seus aliados, enviando-os em seguida à guilhotina. Nesse mesmo ano, Olympe escreveu a peça Les trois urnes, ou le salut de la Patrie, par un voyageur aérien e, por causa dela, foi presa. A peça demandava a realização de um plebiscito para escolher uma das três formas potenciais de governo: República indivisível, Governo federalista e Monarquia constitucional. Os Jacobinos, que já haviam executado uma rainha, não estavam dispostos a tolerar a defesa dos direitos das mulheres: exilaram Sophie de Condorcet e, um mês depois, em 3 de novembro de 1793, guilhotinaram Olympe de Gouges.

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