quinta-feira, 31 de julho de 2008


Contemporaneidade (Séc. IX - XX)
Introdução:
A resistência feminina na época contemporânea: revolucionárias, espiritualistas, feministas, acadêmicas. Filósofas, enfim?

O feminismo foi a primeira forma de identidade pública que as mulheres – antes uma minoria e depois, grupos cada vez mais extenso - se outorgaram. O i ngresso de mulheres, como sujeito sexualmente diferenciado, na cena política, se produziu sobre a base filosófico–jurídica da “Declaração dos direitos do homem e do cidadão” dos revolucionários franceses. O movimento feminista conviveu, desde o início do século XIX, com o movimento socialista. O socialismo, por sua vez, surgiu da reelaboração dos ideais revolucionários e ilustrados e foi condutor de um projeto de democracia política e de igualdade econômica e social. Mas não houve identificação nem assimilação do feminismo histórico com o projeto socialista. Pelo contrário, as diferenças entre as feministas “burguesas” ou liberais e as feministas socialistas se acentuaram. O horizonte ético político do feminismo do século XIX foi a igualdade entre os sexos e a emancipação jurídica e econômica da mulher, mesmo que a versão burguesa acentuasse mais a igualdade política e civil e a versão socialista acentuasse mais a igualdade social e econômica. Também se formou uma corrente dualista que demarcou a diferença na igualdade e privilegiou formas de luta e organização específicas e autônomas para as mulheres. De todo o modo, ao longo do século XIX, as feministas desenvolveram uma agenda ampla e específica, ao mesmo tempo: a luta pela liberdade de pensamento e associação, a abolição da escravidão e da prostituição das mulheres, e pela paz. O signo político do feminismo mudou na segunda metade do século XIX. Os processos de industrialização e urbanização que se desenvolveram na Europa e na América envolveram as mulheres de classes operárias e pequeno-burguesas nos movimentos socialista e feminista, que começaram a delinear uma estratégia política específica para enfrentar a “questão da mulher”. Inúmeras ativistas e escritoras foram fundamentais no desenho do movimento feminismo que caracteriza este período. Nos Estados Unidos, Lucretia Mott (1793-1880) esteve envolvida com a abolição da escravidão, o direito ao voto e a paz no mundo através da Society of Friends; na Inglaterra, se formou a Society for Woman’s Sufrage, e a Ladies National Associations, defensora da regulamentação da prostituição e a International Abolitionst Federation, promovidas por Josephine Butler; também a inglesa Mary Ann Evans, que publicava sob o pseudônimo de George Eliot, escrevia novelas de fundo filosófico e pedagógico para a compreensão da condição da mulher; na França, a anarquista Louise Michel, junto com outras mulheres, participava da Comuna de Paris (1871) enquanto Mme. Edmond Adam (1836-1877),que publicava com o pseudônimo de Julliet Lambert e Mme. Jenny d’ Héricourt envolviam-se com uma dura polêmica contra as idéias anti-feministas de Proudhon.

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